Martin H. Teicher
Está provado. Maus tratos na infância não provocam apenas traumas psicológicos reversíveis. Mas também danos permanentes no desenvolvimento e funções cerebrais. Os hemisférios esquerdos de pessoas vitimadas pela violência desenvolvem-se significativamente menos do que deveriam. Martin H. Teicher, professor de psiquiatria na Escola de Medicina da Universidade de Harvard, explica detalhadamente o processo. Em 1994, a polícia de Boston chocou-se ao descobrir um menino de quatro anos de idade, desnutrido e trancado num apartamento imundo de Roxbury, onde vivia em condições pavorosas. Pior, as mãozinhas da criança tinham sido horrivelmente queimadas. Soube-se que a mãe, viciada em drogas, tinha posto as mãos do menino sob a torneira de água fervente para castigá-lo por ter consumido a comida de seu namorado. A criança ferida não tivera nenhum tipo de assistência médica. A história perturbadora chegou rapidamente às manchetes. Adotado, o menino recebeu enxertos de pele para ajudar as mãos machucadas a recuperar suas funções. Mas, embora as feridas físicas da vítima tenham sido tratadas, descobertas recentes indicam que ferimentos infligidos a sua mente em desenvolvimento podem nunca cicatrizar de todo. Ainda que seja um exemplo ntenso permitem que nosso cérebro se desenvolva de uma maneira que é menos agressiva e mais estável do ponto de vista emocional e integrada social, empática e hemisfericamente. Acreditamos que esse processo aumenta a capacidade dos animais sociais de construir estruturas. Para saber mais: "Developmental traumatology part 2: brain development", de M. D. De Bellis, M. S. Keshavan, D. B. Clark, B. J. Casey, J. N. Giedd, A . M. Boring, K. Frustaci e N. D. Ryan, em Biological Psychiatry, vol. 45, no. 10, páginas 1271-1284, 15 de maio de 1999. "Wounds that time won\\'t heal: the neurobiology of child abuse", de Martin H. Teicher, em Cerebrum, vol. 2, no. 4, páginas 50-67, Dana Press, 2000. Hospital McLea